A face do outro lado do espelho lhe encarava, o que será que ela vê? Tentou um movimento brusco como se pudesse enganá-la, como um garoto ao descobrir-se alto a ponto de poder então brincar no espelho. Mas aqueles olhos sobre os seus eram por demais severos, e não pestanejavam um segundo se quer.
Silêncio. Apenas o pequeno barulho constante de uma lâmpada na sala, que chegava quase imperceptível ao banheiro. Já havia pensado em trocá-la, afinal não duraria muito, mas não estava pensando nisso agora, nem lembrava de sua existência no momento. Encarava-se apenas no espelho.
Não preciso de um psicólogo, que idéia idiota, tenho a mim mesmo. Mas o cenho do outro lado o intrigava. Aquelas olheiras e o semblante austero de alguém tão atarefado e cheio de obrigações, que olhava-se fixamente as 2 e meia da madrugada no espelho do banheiro, faziam com que ficasse imóvel.
É, acho que no final das contas esse sou eu... e o pensamento ficou solto no ar. Sentiu-se vazio. E os olhos outrora fixos e rigorosos, agora estavam vermelhos e pareciam por si só gritarem. Abaixou a cabeça entre os braços estendidos na pia. A conclusão a qual havia chegado, parecia ter-lhe dado um bofete.
- Você vem hoje, ou vai ficar aí a noite toda? Não me pagam pra esperar, eu tenho pressa. – protelou uma voz feminina, vinda do quarto.
E então acordou de si.
Silêncio. Apenas o pequeno barulho constante de uma lâmpada na sala, que chegava quase imperceptível ao banheiro. Já havia pensado em trocá-la, afinal não duraria muito, mas não estava pensando nisso agora, nem lembrava de sua existência no momento. Encarava-se apenas no espelho.
Não preciso de um psicólogo, que idéia idiota, tenho a mim mesmo. Mas o cenho do outro lado o intrigava. Aquelas olheiras e o semblante austero de alguém tão atarefado e cheio de obrigações, que olhava-se fixamente as 2 e meia da madrugada no espelho do banheiro, faziam com que ficasse imóvel.
É, acho que no final das contas esse sou eu... e o pensamento ficou solto no ar. Sentiu-se vazio. E os olhos outrora fixos e rigorosos, agora estavam vermelhos e pareciam por si só gritarem. Abaixou a cabeça entre os braços estendidos na pia. A conclusão a qual havia chegado, parecia ter-lhe dado um bofete.
- Você vem hoje, ou vai ficar aí a noite toda? Não me pagam pra esperar, eu tenho pressa. – protelou uma voz feminina, vinda do quarto.
E então acordou de si.
- Já vou, já vou... – respondeu, apagando a luz.